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Poesias-->Figo seco -- 29/12/2002 - 11:42 (gisele leite) |
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comia figos secos,
figos mortos, coloridos
escurecidos pela velhice do açúcar mascavo
comia a doce morte de uma fruta
e sorvia seu nectar intensamente
como era estranha a textura
inexorável da morte
e, a mastigá-la enigmaticamente
meus dentes heróicos trinturavam
o fim
reinventando um começo,
um novo ciclo
mas a vida é um fim, um começo sem fim, ou o começo de um fim eterno ...
e esse travor do bago seco
me fez recordar as
figueiras na primavera
mas, esse baque seco que é a morte,
e, em luto ainda persigo
pelos corredores a vida que segue
nas entrelinhas,
nas reticências,
nas vírgulas e,
sobretudo depois do verso fatal
nunca haverá pontos finais.
Um aceno poético soprado dos deuses
dava um adeus , com um lenço esquecido na hora
da partida,
o tua figura misturada aos caos...
indo embora para longe do burburinho e
saudade doída latejando a mão que acenava..
um inexplicável gosto do figo seco
me lembrou sua partida, figo negro do mascavo
que já não era o frescor da primavera e, sim
uma recordação de infância
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