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Poesias-->Sou apenas uma boca que tece -- 02/01/2003 - 12:01 (joão manuel vilela rasteiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sou apenas uma boca que tece

a carne que forma os passos secos,

bocas-pássaros na demanda do desejo

ao ritmo em que a terra se despe,

uma língua que se insinua nas pedras

em busca da mecânica exata da luz

que ultrapasse as fronteiras da pele,

é neutra a carne que se agita no poema,

suspensos numa trégua adocicada

só os dedos inúteis ainda emergem

nos pulmões largos de mastigar a terra

em consonância com o espaço e o desejo de sonhar.





in, A CARTOGRAFIA DA PURIFICAÇÃO,2003 (INÉDITO)

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