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Poesias-->A minha poesia -- 08/01/2003 - 14:12 (Clodoaldo Turcato) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A minha poesia



A minha poesia não vai te fazer sorrir

Não vai te fazer suspirar o amor

Vai te fazer chorar

Vai te fazer sentir todo a minha dor



A minha poesia não traz os cânticos

Traz os quânticos

O seco, o ardor, o pobre... a fome



A minha poesia não é para amantes

Sonhadores, colegiais e santos

Não é utópica ou esperançosa

É carregada de maus ventos e prantos



A minha poesia não comporta

Os anseios da donzela na janela

Mas os anos pós maturidade

O crescer da vida, e o mal que existe nela



A minha poesia não traz o drama inglês

A novela russa ou a nostalgia francesa

É o Jeca Tatu, o tango portenho

A ignorância e a falsidade portuguesa



É a dor do pobre que não tem à comemorar

É a dor do rico que não sabe partilhar

É crueza do mísero como do abastado

No silêncio que antecede o ninar



A minha poesia é o morro

A favela, a antena de televisão

É a policia desalmada

É o grande assalto do pequeno ladrão



É a mãe abortando o filho do acaso

É a criança vendendo o corpo com chiclete no sinal

É a fuga fácil para as drogas

É a sangria da página policial



É o amor proibido do convento

É a traição em juras desconfiadas

É o político eleito pelo analfabeto

São as histórias mal contadas



A minha poesia é a da casa

É do lar sem marido

Do órfão, da prostituta

Da prisão, do choro escondido



É o plágio, o morno, o pirata

É a do esforço não recompensado

É a seca queimando tudo

É o casebre todo alagado



É o time que perdeu

A empresa que faliu

São os burros n’água

A namorada que partiu



Não é para fracos

Nem os fortes a suportam

É a poesia dos fatos

Das realidades que brotam



A minha poesia nem isso seria

É uma arte desclassificada

É o canto sem encanto

É uma expressão de quase nada



A minha poesia não fará sucesso

São sobras de um copo de vinho

É o devaneio de um nunca artista

É o glamour de quem esta sozinho



A minha poesia é quase honesta

É quase despretensiosa de cobiça

Mas tem de falso, ambição e é influenciada

É o ganhar pela preguiça



São versos palios da nossa realidade

Que ajudei meus comparsas à implantar

É o combate com meias verdades

Do sistema do ouro que quero acumular



A minha poesia é manipulada

Por essa corja que domina e entrava

Esta presa ao “eu” transformado

Louca para deixar de ser escrava



Livre, ter vida própria, sumir de mim

Um escritor sofrível

De ensaios e escritos pobres

Tornar-se amor, se fazer legível



Há! a poesia engana

Como enganou por tantos anos

A quem viveu enganando a vida

Esse fardo de desenganos



Mas o que seríamos sem enganos

Sem música, tintas, cenas e fantasia?

O que seríamos sem o sonho

Sem esperanças, amor e poesia?



( Codo. Recife, Pernambuco, dezembro de 2002)







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