LEGENDAS |
(
* )-
Texto com Registro de Direito Autoral ) |
(
! )-
Texto com Comentários |
| |
|
Poesias-->Penumbra -- 12/01/2003 - 22:31 (Luísa Ribeiro Pontes) |
|
|
| |
Hoje não sou cor, sou penumbra,
porque sombrios são os tempos
e aqui venho anunciar,
proclamando sentidamente,
a dispersão final do sonho,
que quebrou mas está lá,
como farol que se extinguiu,
mas que em noites de luar
ainda projecta a esguia sombra,
no prateado do mar...
Hoje venho contar do vento
gemido louco e sibilante
que canta à minha janela
como pulsar insistente
das marés por confrontar.
Assobia e rodopia, e tolhe
de espanto o silêncio,
torre esguia sem sustento,
como voz enlouquecida
que não fala, não sussurra,
não é a voz clara de alguém,
mas apenas um lamento,
triste, incolor e pungente.
Hoje não trago luzes
para iluminar o presente,
foscos estão os olhos de miopes
que acendem relampejos
falsos, de um brilho opaco,
rajadas frias de vento
clarão cego, estremecimento,
rasgando o algodão da noite.
Hoje só venho anunciar
que um barco também navega
mesmo num mar sem farol
e, levado pelo temporal
salta a linha do horizonte
vogando para o país sem nome,
onde a sede de emoção
se faz poema e voa.
Hoje venho anunciar
que o sonho não é ponte
e que o dia não é luz,
a noite não é claridade
e eu não sou eu,
mas uma sombra
suave e ténue,
perfil na noite
de um farol,
que pedrada
de menino,
por certo
silenciou.
|
|