Hoje, eu quero um jantar de requinte,
quero ouvir e ser ouvinte,
partilhar aquele olhar,
cativo ou liberto,
ansioso como incerto,
olhando-me de perto.
Quero flores na mesa
e um "garçon" de "libré",
embriagar-me de palavras
e de rosé,
esquecer os dias
baços de cansaço
ou de humor "blasé".
Quero...
debitar as iguarias,
sem as conseguir comer...
devolver as ostras,
para me entontecer,
com um olhar,
frio dipasão,
no fogo intenso da paixão.
Palavras que vêm e vão,
olhares que bailam de emoção,
música de feição
a que ao levantar,
tudo gire e revolteie,
a verdade do vinho,
o sumo da paixão,
momento fugaz de ilusão.
um jantar com exclusão
das comezinhas coisas
que empedernizam
e dia a dia nos avisam,
que o tempo está a contar,
e o nosso tempo a fluir,
sem um jantar de requinte,
a ouvir e ser ouvinte,
numa história de encantar.
Hoje só quero um jantar de velas,
E não quero ser só eu a vê-las...
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