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Poesias-->PEDAÇOS -- 15/01/2003 - 07:55 (ALEXANDRE FAGUNDES) |
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PEDAÇOS
Não guardo nenhuma poesia inacabada
Todas têm começo, meio e fim
Mesmo que comecem sem motivo
Mesmo que cresçam sem viço
Mesmo que cessem com mediocridade
Todas alvorecem, florescem e caem secas
Sem assuntos para resolver depois
Sem segunda chance para mudar de rumo
Sem trégua
Todas
Meus versos se parecem comigo
São plenos de certezas frágeis
De um amor intenso e fugaz
São insetos os meus versos
Somos
Escrevo memórias de mortes prematuras
Canto as coisas preliminares, as tampas dos potes
Meus versos são cheios de abortos
Cada verso é um feto quase pronto. Quase.
Casas de tijolos à mostra, árvores sem folhas. Tudo cru.
São assim meus versos e é assim meu espírito
Aos véus da margem, me afogo mil vezes
Lábio, nunca boca.; peito, jamais coração.
Sempre falta algo
Alguém
Ler meus versos cava buracos na alma
Viver assim rasga abismos no coração
Vácuo que sangra sal
Mágoa seca
pedaços
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