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Poesias-->9. VOZ DE SOCORRISTA -- 15/01/2003 - 09:19 (wladimir olivier) |
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Não queira o caro médium ser “marrudo”
E aceite, por favor, o conteúdo,
Porque é bom o tema que transmito.
Após quinze mil versos, eu garanto
Que há de se extrair um belo canto,
Bem diferente deste rude grito.
Quando Jesus pediu aos seus amigos
Que se livrassem dos bordões antigos,
“Olho por olho...” ou outro desse tipo,
A repetir a lei do amor mais nobre,
Que serviria ao rico como ao pobre,
Talvez pensasse assim: — “Eu me antecipo...”
Mesmo falando com suavidade,
É pouca a gente que se persuade,
Pois mais queriam era ver sinais.
Ainda hoje, o povo desconfia
E não aceita, ao menos, a poesia
Que trata a todos como muito iguais.
Quem, na matéria, se acha apaniguado
Há de dizer, confiante: — “Eu não me agrado
Quando me acusam de algo que não fiz.”
Como essa força não está com todos,
Vou relevando n’alma os vis apodos,
Buscando achar do bem sua raiz.
Quando sabemos que, na vida, tudo
Deve manter o amor por conteúdo,
Ficamos sem bom ânimo, perdidos,
Ao vermos tanta gente deprimida,
Às voltas com um ódio sem saída,
Por causa da maldade dos bandidos.
Aí, alguém nos diz que o amor é luz,
Lembrando os mandamentos de Jesus,
Por conta dos rancores que nos cegam.
Iremos aceitar que a salvação
Está na caridade e no perdão?
Jamais, que tais palavras os maus pregam.
É grande a onda desse pessimismo,
Que tende a aumentar nosso egoísmo,
Porque não confiamos mais no irmão.
Tantas verdades ficam esquecidas,
Numa seqüência tola dessas vidas,
Que não se sabe já os bons quem são.
Louvamos como heróis alguns bandidos,
Que se encontram no etéreo, arrependidos
Por causa dos exemplos que legaram.
O que fizeram eles de mais sério?
Mandaram muita gente ao cemitério,
Em guerras de extermínio que engendraram.
Isso acontece hoje, em toda a parte.
Existe até quem não entenda a arte,
Pois socorrer é próprio desta esfera.
Mas pregação também será preciso,
Mesmo que não se evite o prejuízo
De quem se não quer dar a essa espera.
Falamos muito mas fazemos pouco,
Assim há de entender, coisa de louco,
O versejar inglório desta rima.
Há quem suspeite que este ser vacile,
Que não se importa que se deite a bile,
Que o seu trabalho aqui o mal sublima.
Estamos declarando que a virtude
Talvez o panorama disso mude,
Pois a consciência rege n’alma a fé.
Quem suspeitar que estamos mais blefando
Há de pensar: — “Meu Deus, mas até quando
Vem esse gajo nos dizer quem é?!”
Eu digo mesmo e aceito o desafio
De que me mostrem que não tenho brio,
Por versejar enquanto o povo sofre.
Se esta semente aqui venho plantar,
É que suspeito seja devagar
Que vai se encher de amor do amigo o cofre.
Caso não tenha dado o meu recado,
Então, eu deixo um verso mutilado,
Para você rimar com sua luz:
Quem desejou salvar a toda a gente,
Falando com amor, suavemente,
Mas foi crucificado? — “Foi...”
Do mesmo modo que se sabe a rima,
Também se sabe prevenir o clima,
E, assim, Jesus mostrou-lhes a malícia.
O que lhes digo está nesse evangelho,
Que muita gente diz p’ra lá de velho,
A demonstrar os males da estultícia.
Vamos ser francos com o Pai do céu.
Se nós gostamos cá deste escarcéu,
Não vamos reclamar da escuridão,
Pois quem, no mundo, faz, desfaz e erra,
A rejeitar a paz, querendo a guerra,
Não pode pleitear, depois, perdão.
Jesus, coitado, do alto do madeiro,
Podia ali rogar: — “Meu Pai, requeiro
Que deis perdão ao povo ignorante.”
Podia requerer, pois era puro,
Mas quem é vil, falaz, mau e perjuro,
Precisa ler “O Inferno” que fez Dante.
Estou a repetir tão-só uns temas,
Antes que cheguem as lições supremas,
Que a morte há de igualar e não os versos.
Assim, vão reclamar bem mais depois,
Dizendo ao Senhor: — “Ó Pai, quem sois,
Que tendes tal poder sobre os perversos?!”
Estando o amigo, lá no fundo, aos gritos,
Vai declamar meus versos mais bonitos,
Dizendo que já fiz o que devia:
— “Vem socorrer-me, agora, por favor!
Demonstra ao Pai que tens por mim amor!”
Compreenderá, enfim, esta poesia.
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