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Poesias-->DESVENTURAS -- 20/01/2003 - 19:25 (José Reynaldo Galasso) |
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DESVENTURAS
Quando lhe falo com ternura
Com vontade e com doçura,
Você diz que não me ama.
Se eu quero mais um amasso
E a envolvo em meus braços
Você diz: - Findou-se a chama.
Quando quero sentir seu gozo
Tão suave, tão gostoso,
Você ri na minha cara.
Se eu lhe falo de desejo
Você sorri sem dó, sem pejo
E me diz: - Vê já se pára.
Quando me encosto quente, febril
Você faz que não me viu
E me empurra do colchão.
Se eu murmuro ao seu ouvido
Você não vê nenhum sentido
E liga logo a televisão.
Quando trago doces e flores
Para mitigar as suas dores
Só lhe falta me distratar
Se me achego terno em seu peito
Você se vira e dá um jeito
De me pôr pra trabalhar.
Quando lhe conto da paixão
Do que me vai no coração
Você me fala de novela
Se lhe entrego calmo um mimo
Se arrepia se me aproximo
E o atira pela janela.
Se lhe confesso certo e impulsivo
Que no seu amor é que eu vivo
Você me ordena trocar de vida
Quando escrevo em vermelho
Lindas frases no espelho
Você se faz de distraída.
Quando tento mostrar meu texto
Você arranja logo um pretexto
E diz que sai pra caminhar.
Se recito uma poesia
Você diz:- Foi duro o dia,
E se recolhe pra descansar.
Enquanto arrumo a sua mala
Você se vai logo pra sala
E me espera com enfado.
Se lhe abraço com carinho,
Até parece que tenho espinho,
Você reclama da dor do lado.
Se me explico não a convenço
Não importa o que eu penso
Você que tem sempre razão
E é por isso que eu não discuto
Fico quieto e só escuto
Você fazendo o seu sermão.
Se me aproximo com suavidade
Implorando sua caridade
Você me nega sem razão
Quando faço nossa comida
Reclama e diz que está fedida
E vai lavar a sua mão.
Enquanto encero o assoalho
Você joga o seu baralho
E critica meu serviço
Se eventualmente eu a chamo
Pra lhe dizer quanto a amo
Você me diz: - Pára com isso.
Quando às vezes eu preciso
Seu parecer, o seu juízo,
Você se diz muito ocupada.
Se um obstáculo distraído topo
Vou ao chão e quebro um copo
Você diz não valho nada.
No fim da noite eu alquebrado
Desabo e durmo de cansado
Você me pede minha atenção
Mas se acaso, por outro lado,
Eu que a procuro bem safado
Você me lembra da congestão.
Se o almoço fazer não pude
Você ataca minha atitude
Me chamando de ameba
Mas se o problema é de saúde
Me recomenda amiúde
Um licor de jurubeba.
Quando apresento algum receio
Você se diz de saco cheio
E cansada dos meus medos
Quer, porém, todo dinheiro
Do meu trabalho o ano inteiro
Mas não me conta seus segredos.
Quando quero lhe falar
Você desliga o celular
E cá eu fico sem saber
O que eu compro no mercado
Se um peru ou frango assado
Para lhe dar para comer.
Se eu compro um novo terno
Você arma um inferno
E reclama um vestido
Se retardo minha saída
Pra mais um dia de dura lida
Você me taxa de perdido.
Se pra uma cerveja saio um dia
Tendo os amigos por companhia
De alcoólatra me rotula.
Se acaso faço algo errado
Por trazer um fardo grande e pesado
Eu não passo de uma mula.
Quando olhando o infinito
Desesperado solto um grito
Você me diz que sou boiola.
Se à noite da minha pena
Eu lhe falo você me ordena:
Deita e vê se não me amola.
Quando um beijo eu lhe imploro
Não entende porque eu choro
E me mostra a cara dura
Me perdoa se eu sou franco
Mas é que passo a vida em branco,
Não agüento esta desventura.
BSB03072002
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