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Poesias-->ESPÓLIO -- 20/01/2003 - 19:27 (José Reynaldo Galasso) |
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ESPÓLIO
Mentiroso, meu coração tentou me enganar,
Urdiu mil firulas, devaneios, sonhos,
Criou imagens na minha mente,
Prazeres na minha carne,
Paixões quixotescas.
Mas, por mais esperto que seja,
não me engana.
Sei que ele tem suas razões.
Uma é me proteger.
Mas não preciso dela.
Sei viver sem ela.
Sou capaz de escolher meu caminho,
Pisar meu chão,
Cultivar meu pão.
Sei a diferença
Ente o sonho e a realidade.
Sei para onde o rio corre,
Os pássaros migram
E onde o sol se põe.
Sei das paixões que corroem a alma humana,
Das miragens que se formam nos desertos
E das enganosas paralaxes estrelares.
Sei quem sou, onde estou e para onde vou.
Não preciso do seu olhar carinhoso,
Do toque suave de suas mãos
E nem do seu beijo cálido nas madrugadas.
Dispenso sua palavra de apoio e coragem,
Seus gestos de ternura e compreensão,
Suas carícias no auge da paixão.
Sozinho vou escrever meus versos,
Cruzar os turbulentos rios,
Edificar indestrutíveis pontes.
Vou cultivar jardins perfumados,
Libertar os pássaros das gaiolas,
Tocar a harpa encantada.
De manhã aprisionarei os raios do sol
Para enfeitar as noites frias.
De tarde colherei as gotas da chuva
Para amolecer a terra dura da seca.
De noite selecionarei as mais belas rimas
Para enfeitar o silêncio da morte.
E na madrugada voltarei
A escrever versos para você.
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