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Poesias-->SOBREVIVENTES -- 20/01/2003 - 19:45 (José Reynaldo Galasso) |
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SOBREVIVENTES
Como sobrevivemos mal a essa vida!
Essas palavras martelam minhas têmporas.
Olho o relógio mais uma vez.
Seus ponteiros não param
Apesar do meu coração ferido.
Tomo o café apressado como sempre.
Meu carro me espera.
No caminho do trabalho
A mesma oração impressa no asfalto.
No letreiro do prédio lá está ela.
E nos olhos dos colegas taciturnos.
Há quem a carregue no corpo,
Na coluna curvada pelos anos,
Nos cabelos ralos e grisalhos.
Alguns riem.
Será que sabem de quê?
Tomam café, contam piadas.
Ligam seus micros,
Consultam as agendas,
Fazem seu serviço burocraticamente,
Usam a calculadora, falam de futebol.
Ligam para a amante
Deixada só na noite anterior.
Na hora do almoço
Saem para o sol quente.
Voltam saciados.
No final do expediente
Se vão sorrateiros
Como quem rouba.
A noite os espera,
Com sua penumbra
E suas luzes amarelas.
Alguns se embebedam,
Outros fingem que vão à faculdade.
Uns voam no trânsito
Outros fingem ser felizes.
Nova noite, nova manhã
E o tempo prossegue incólume.
Como sobrevivemos mal a essa vida!
Alguns nem sabem que sobrevivem...
BSB25042002
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