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Poesias-->O CULTIVO -- 24/01/2003 - 01:43 (PAULO FONTENELLE DE ARAUJO) |
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Planta-se morte como quem admira canários:
antes o canto, depois as gaiolas.
Cultiva-se a morte como quem cultiva um amor,
pérola ordinária
a dourar a consciência do homem.
Identifica-se a morte como quem classifica um
legume.
A semente pode ser ponto de bingo,
conta de colar,
confete.
Prepara-se a morte como quem apronta terra e
mar
até que o morto desabroche
e morrendo em flor preceda,
um cortejo de pássaros,
o séquito das ostras,
e a opulenta procissão
adornada por verduras frescas.
Aguarda-se a colheita da morte
e se arma a estufa celeste
ambiente sob controle,
embora o morto indiferente,
não obstante dentro do ataúde,
bem encontra a sua forma final,
de fungo enclausurado.
Do livro "BORBOLETAS NOTURNAS NÃO EXISTEM"
E-mail do autor: phcfontenelle@gmail.com
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