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Poesias-->O DESAPARECIDO -- 28/01/2003 - 04:14 (PAULO FONTENELLE DE ARAUJO) |
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O menino brinca no carrossel,
entra em uma volta mágica,
desaparece.
A mãe atônita vasculha o brinquedo,
questiona os cavalos de madeira,
enlouquece.
Muitas crianças se perdem nesta metrópole.
Seus rostos impressos
frequentam a lateral dos botequins:
pais pedem notícias e consolo.
Ontem sumiu outra menina.
Ela tinha um sinal de nascença em seu rosto,
Parecia a lua crescente,
era quase uma marca d’água,
via-se contra a luz.
Hoje todo o seu corpo é transparência.
O pai procura os culpados
e a mãe não suporta a culpa.
A dor da perda percorre seu ventre,
o espectro da filha pisa em sua flora intestinal.
( Acredita-se que crianças ocultas
crescem em algo orgânico e não aparente,
Dizem também que já foram vistas em um reino de minerais porosos).
Os desaparecidos não voltarão.
Ontem um menino retornou a casa paterna.
Julgou-se ser o filho perdido.
Era outro, semelhante, quase gêmeo
e tão igual que o verdadeiro fincou-se de vez,
no concreto intransponível,
inalterável.
a metade subterrânea de um poste.
(42)
Do livro "BORBOLETAS NOTURNAS NÃO EXISTEM"
de Paulo Fontenelle de Araujo
phcfontenelle@gmail.com
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