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Poesias-->O NOCAUTE -- 06/02/2003 - 13:09 (PAULO FONTENELLE DE ARAUJO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Após o nocaute,

tu foste o beijo na lona.

Deixaste a dor envolver-te,

rompeste os cordames do corpo.

Tu, o lutador após o nocaute,

viste nascer flores em supercílios cortados,

nervos penetraram a terra,

e concentrado em um queixo de vidro

enfim estilhaçado,

também fragmentaste a ti mesmo

e regrediste nas categorias do boxe.

Classificado como peso galo,

chegaste ao pena,

ao mosca,

a leveza,

suor evaporado da tua luva de pugilista.

Então assimilaste a queda

- enquanto outros gongos soaram

e um espasmo comovente

saiu do teu peito asfixiado -

como um triplo mortal rumo aos arrabaldes do

mundo

e gritaste:



“Não há mais protetores bucais!

Grandes são os tablados!

Grandes são os tablados e as plateias.”



Mas não foi por isso somente

que o povo aplaudiu

ao acordaste longe,

dentro da massa que se desfazia sobre o piso

e entre duas sapatilhas

brilhando para os teu olhar submisso.







(38)



Do livro "BORBOLETAS NOTURNAS NÃO EXISTEM"

Leia os outros poemas do arquivo. Obrigado

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