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Poesias-->Menino de Rua -- 09/02/2003 - 21:32 (Djalma Rodrigues) |
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NINO DE RUA
Autor: Djalma Rodrigues
A liberdade, prisioneira, ainda não decolou.
Nas ruas, praças, favelas, esquinas.
Roubar, matar, cheirar cola, fumar crack
É triste a sina
Veleja caminhos à sombra do nada
E trôpego traça a nua estrada
Vomita o ódio, fel da vida
Sem teto, coberta ou comida
Segue a sua caminhada
Ó vida felina cruel e malvada!
Sonhar não é proibido
Também não é pecado, menino mal amado!
Que os donos da terra revejam seus erros
E não façam da vida um enterro
Que candelárias não venham mais destruir o Amor
Riscar do mapa o Viver e Paz.
Sociedade bandida
Qeu machuca a ferida sem se dar conta da dor
Pregando quase somente o desamor.
O novo profeta vai.; A legião segue atrás.
Misto de Deus e de Satanás.
Cadê meu pai para me abençoar,
E minha mãe para me afagar e cantar cantigas de ninar?!...
Cadê meu deus do céu para me ensinar
A oração q a humanidade não me ensinou a rezar
Para eu poder me salvar?
Que a salvação se dane no mangue
Sou vampiro da noite
Gosto mesmo é de violência e sangue
Levar o brinco, o anel, colar, roubar a bolsa da Tia.
Para sair desta vida de agonia
E também é o ao que meu ser se irradia
E nessa cruel agonia segue cambaleante
Após cheirar cola e fumar crack
Dia após dia, todo dia
O passageiro da rebeldia
Da escola não me ensinaram a lição
O mundo é o livro da minha vida
Prego a minha filosofia
Se a sociedade me castrou
Sou artesão da malandragem
Pinto a vida, esculpo a dor
Por ter sido jogado, cuspido no mundo.
E nunca ter recebido amor
Será que meu sonho é mesmo possuir grandes somas em bens?
Ou será que sou tão mal a ponto de me amargar, para não sentir amor, amar?!...
Ó deus de infinita bondade!
Tirai-me da sarjeta, da lama.
Será, meu Deus?
Que nesse meu trilhar violento de assaltos e crimes
Não sobrou um resquício, um pouquinho de Amor.
Pois ao que me parece, meu Deus.
Nessa labuta prostituta, nesse vaivém
Proibiram-me de ir por céu também
Quero destilar o meu lado oculto, e proclamar minha alegria
Quando mato minha fome e não estou com a barriga vazia
Ás vezes me acham um vírus no mundo
Respondo profundo: mas quem fez um vírus?!...
Reúno-me com os meus parceiros
Ás vezes quero me regenerar
Mas neste meu caminhar
Esta é a vida que eu gosto mesmo de tragar
Foi a única Oração meu Deus
Que o mundo que é meu livro
Me ensinou a rezar.
O nosso grupo se reúne
Conversa, também ama, ri, planeja assaltos,
Comemora desespera-se também
Principalmente quando é encaminhado a FEBEM.
FEBEM: Escola-Depósito de marginais
Alguns funcionários sujos como a lama
Que na maioria das vezes aliciam, corrompem,
Debulham a lição
Para fabricar pro mundo mais um ladrão
Mas como toda regra tem exceção
Há sempre o funcionário justo e solidário no amor
Que paga pelo executante pecado.
765, 12, AR-15, metralha
Haja carnaval ou não
Desfilem abadas, fantasias, mortalhas
Faça chuva ou faça sol
Estou sempre a empunhar uma arma
A assaltar infernizar
Brasileiros, Gringos ou Troianos
Quero mesmo é grana
Para desfrutar todo, dia mês e ano.
Mas quando chega a policia e inicia-se o tiroteio
É um Deus nos acuda
Bala para todo lado, ódio explode feroz
Bandido vira noticia
Quer mate ou morra
Na rua asfaltada ou no matagal
Vira manchete de jornal
Ninguém liga pro sangue que jorra, que explode das veias
Nem liga pra dor q corrói
O importante é ser herói.
Estatutos são criados em defesa da Criança e do Adolescente
Mas nas ruas estão aos montes: Drogado, Assaltantes, Estuprados,
Aidéticos, Mendigos, Viciados
No Planalto Central, Projetos e Leis são aprovados.
Cartazes, propagandas pelo país inteiro espalhados.
Mas que tristeza nauseante por entre a multidão o menino de rua é ainda um passante
Que pelo destino foi reprovado
A sua faculdade é o assalto
É doutor em criminologia
Campanhas não resolvem fome
Nem o desagregado comportamento
Só se descer Deus do céu
Cobrir com manto e com véu
Dar alimento e uma vida digna e decente como aposento.
Aí, sim, fluirá o espiritual que purifica a vida material.;
Só assim daremos um tiro na marginalidade
Recuperar-se-á o menino q o mundo abortou desigual
A sociedade não fabricará marginal
E a elite e a maioria dos políticos envergonhar-se-ão
dos tempos de outrora.
Calma, magnatas!
O mal foi banido
Sem mais tempos idos.
Vê, abutres! Vê canalhas!
Resplandece nova aurora.
É o mundo novo
É o futuro que por aqui começa agora
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