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Poesias-->PRIMEIRO DIA -- 14/02/2003 - 17:25 (PAULO FONTENELLE DE ARAUJO) |
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PRIMEIRO DIA
Se queres lembrar,
acalme-se.
Não há mais dores de crescimento.
Não há cólicas.
Tua pele tornou-se
estabilidade atmosférica.
Agora afrouxe os músculos.
Teu corpo será uma planura a descobrirem
e tua alma mal resvalará o lençol de cambraia.
Concentre-se.
Regresse ao estado da pré-dentição
e eis o teu primeiro dia no mundo.
Tu existindo,
ganhando espessura,
e o que era útero
sendo expelido por ti.
Permaneças assim,
pois é deste princípio
- quando o sonho de possuir dentes
formava uma mandíbula doce
e o leite materno escorria
pela tua ausência de lábios-
que tu vislumbrará
de que modo
o teu corpo pode admitir um coágulo
como ente fecundo.
Do livro "BORBOLETAS NOTURNAS NÃO EXISTEM"
phcfontenelle@gmail.com |
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