Vejo-me um pássaro solto

voando azul sem destino

a procurar a meu ninho...

o vôo no espaço, envolto

nos trajos de um peregrino

à caça do teu carinho

pra me assentar no caminho

e reencontrar o meu tino...



Vejo-me um pássaro lento

na noite cálida e escura

na então friagem do vento

que na minh alma perdura...

vejo-me louco, exaurido

o meu sangue no vergel

que o torna já apodrecido

na carência do teu mel...



Vejo-me morto, sumido

no pensamento por ti

que faz-me um ser comovido

desde o instante em que eu te vi...

sou pássaro, carne morta

rouxinol pelo desejo

que sempre bate-me à porta

pelo vibrante teu beijo...



CPE-MS, 15.07.85 - 10:28