Os anjos cantam famintos

hinos de amor possessivo

que em notas e tons distintos

tornam a mim mais lascivo.;

eu sei dos anjos o medo

dos males do meu amor,

eu sei dos anjos o dedo

que me espezinha em torpor...



Das sombras vem meu castigo

por deuses a mim imposto,

os males que só contigo

levam-me inteiro ao desgosto...

sombras eu sei que atormentam

em mim toda a consciência...

por ânsias que me fomentam

toda a explosão da indecência...



Anjos, sombras, ansiedades

razões que deixam-me vivo

no árido mundo e nocivo

nas incursões das maldades.;

e, o canto que os anjos cantam

do tanto que são matreiros

faz dos amores que espantam

eu recordar os primeiros!



CPE-MS, 01.06.85 - 17:33