Livro: VERTIGEM
Veneno
A víbora se arrastando
a deslizar na friagem,
deixa no chão que marcando
seu traço rude e selvagem.;
e na aspereza do frio
que lhe corrompe a rodilha
se esconde em norte sombrio
exausta por andarilha...
Espera de bote armado
o seu veneno guardando
no desejo que esfaimado
de terrível se inflamando
e a presa solta o veneno
no furo de vil espinho
e o corpo estanca sereno
da presa no vão caminho.
A serpe é fria, feroz
e andando rente no chão
escorre em rito veloz
como o do risco trovão.;
e segue então peçonhenta
levando um orgulho hostil
da mesma mágoa cruenta
da autoridade servil...
CPE-MS, 19.02.85 - 23:44
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