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Poesias-->Roda-gigante -- 21/02/2003 - 22:57 (Rubens Lunge) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Na praça, quando a noite vem,

A roda-gigante roda com a força do vento

E estala com o peso dos fantasmas.

Na praça, quando a noite vem,

Gangorras e balanços se movem

No vai-e-vem de outras horas

Ao peso de fantasmas de um tempo que já não é.

Quando a noite vem, na praça,

Fantasmas invadem o parque

E brincam alegremente a noite inteira,

Como se a noite fosse dia,

E este dia, sábado,

Depois do banho diferente, mais demorado, mais perfumado.

Mas não é sábado, aquele sábado deliciosamente perfumado e de banho demorado.

Hoje é um dia qualquer.

Na praça, iluminada com altas torres,

Enfeitiçada pelos estilhaços de centenas de lâmpadas que cortam a cidade anunciando o valor, a hora, a temperatura, o produto,

Uma noite qualquer na praça não tem fantasmas a não ser eu e nem a praça tem mas graça.



Foi-se a roda-gigante que gemia com o embalo de qualquer vento.;

Foi-se a roda-do-tempo que gemia vagarosamente e que agora, velozmente, consome o que resta.

Foi-se a praça de uma roda-gigante que só é gigante nesta pequena lembrança,

Embalada a perfumes de sábados, quando o banho era no meio da tarde

Para depois, meu Deus!, como era longe, e como havia tempo e como o tempo andava vagarosamente!,

Chegar na praça e antes ouvir os gemidos da roda-gigante

E os seus balanços estrondosamente arremessados para a frente e para trás,

E os risos,

E os choros,

E os tombos!

Agora, no lugar da roda-gigante tem um brinquedo de mola,

E como nos jogos eletrônicos, os pequenos balançam-se na velocidade do tempo.

Não tem mais parada no último andar da roda-gigante,

E dali ver a linha do horizonte acima do vento.

Foi-se a roda-gigante que gritava esganiçada girando, girando, girando.

E veio o brinquedo de mola, que pula, pula, pula e sacode freneticamente como o tempo de agora.

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