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Poesias-->DISCURSOS -- 23/02/2003 - 23:40 (JOSE GERALDO MOREIRA) |
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DISCURSO
À platiglossa plêiade
da Nova República
em tempo: e à das Alagoas,
inclusive
Os oráculos, metidos em
ortometamórficos coracoes,
enviaram estafetas
para dar a conhecer
suas profecias e advinhacoes.
Leram hieróglifos à raça
com seus orários na praça.
Os magníficos senhores da sorte,
capazes de prever vida e morte,
exigiam sacrifícios, oferendas
ao todo poderoso deus das bestas
em sua estrelada tenda.
A raça a tudo benzia-se,
lambuzava-se de saliva,
oferecia-se.
Comprometeram a sorte dos filhos
aos privilegiados donos do destino.
Chavascal de energia e brio,
enlamearam os acordes do hino
cantado na mesma praia
d onde calungas disfarçados
enviavam visões alucinadas.
A raça, tomada por calundu,
vergava as costas, dobrava os peitos
prostrando-se em respeito ao Inútil.
As bestas travestidas,
às quais desimportava o povo,
selaram as bocas com ouro,
abarrotaram seus alforjes com prata
cumprindo a sentença esmagadora
da venerável deusa águia.
Os caiporas assustaram os crentes
que lavaram as almas em presentes
à deusa de garras opressoras.
A vontade soberana sobre todos os mares
arrebatava dos pulmões os ares
exigindo grandes recompensas
pela dádiva de deixar respirar,
direito negado àqueles caipiras
que desconheciam a natureza do ar.
Quando as bocas secas, acompanhadas
de estômagos famintos, murmuravam
sua surpresa por saber o ar extinto,
pressagiavam os dantescos prestidigitadores
miríades de ilusões mortíferas sobre a cabeça do povo.
Os misólogos inventaram meios de pastagem
que secaram os úberes das vacas,
imprestaram os úteros das porcas,
empestaram as galinhas nos poleiros.
A raça uivava e gania em coro,
impressionada com os podres poderes
contidos nas mãos tecnológicas dos enganadores.
Os autores do embuste
preparavam o povo para repasto
da deusa águia no templo truste.
Resignados, os homens secaram as costelas
as mulheres pariam pelas goelas.
A conformação tomou o nome destino
e assim cresceram seus meninos tísicos.
Após haverem sugado de todos o sangue pisado,
a águia alçou vôo, foi atormentar outros telhados.
Naquela terra indigente nada restou que prestasse.
Aquela boa gente vomitava a alma,
comia o que achava.
Por fim, zotos e trêmulos, os velhos contavam aos netos
as maravilhas de um povo eterno
que vinha das estrelas
aquecer-se em suas fogueiras.
Eles, sem alma e sem compaixão,
odiando quem a eles nao parecia,
gretaram com suas naves o chão
construíram desertos onde houvera plantação.
Os meninos sonhavam...
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