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Poesias-->QUERO -- 25/02/2003 - 19:13 (BRUNO CALIL FONSECA) |
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QUERO
Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de cinco em cinco minutos
me digas: Eu te amo.
Ouvindo-te dizer: eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anteiror
e no seguinte,
como sabê-lo?
Quero que me digas até a exaustão
que me amas que ma amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação.
Pois ao dizer: Eu te amo
desmentes
apagas
teu amor por mim.
Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei outra maneira de dizer sanão esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.
No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amaste antes.
Se não disseres urgente repetindo
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.
Carlos Drummond de Andrade
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