Sob custódia dos meus olhos, a tua cútis lívida recende feito anjo me usurpando o conhecimento e os direitos. Encaminhando-me a insanidade e aos defeitos fazendo-me cego a consternar a alma a sérias dores e desejos. Enfim, mostrando-me na terra o que é o inferno no peito.
Prejulgando o absurdo que cuidará de mim no meu leito.
Por certo não podes despertar uma nesga de sentimento, sem saber a quem deves amar. Pois que nem sabes do preito, o prelúdio precípuo da intenção que faz cárcere cada passo de minha vontade.
E que não sendo de praxe tal tortura, como posso eu mortal, ante a tua formosura me libertar dos teus enlaçes.
Perdoe-me a entrada, mas confesso-te não poder conter a voz deveras apaixonada, a vicejar do oculto pelas madrugadas o que devo ou não fazer.
E antes que essa loucura me ameaçe mais a vida, prefiro dizer-te em líras, o quanto perturbas agora, do que em memórias.
Pra quem sabe então, eu possa despousar no divã das próximas horas, um pouco de serenidade e sonho a sós.