Se estivesse perto dela eu ia falar sempre baixinho para, com a minha voz, não agredir a sensibilidade de um anjo. Diria só coisa bela que encantassem a sua alma e alegrassem o seu coração.
Ficaria durante horas calado, e cheio de encantamento, olhando enquanto ela ouvia o cantar dos passarinhos, o barulho da chuva caindo, o vento cantando suavemente ou escutando o silêncio numa tarde mágica de outono.
Quando eu a tocasse seria bem devagarzinho, e com muita suavidade, pra não ferir a sua carne, suave e fragil, com a minha mão áspera e pesada. Usaria sempre luvas brancas e macias, nessa hora, para não manchar a sua pureza e não deixar que com esse meu toque ela sentisse as coisas ruins da vida. Eu a tocaria sempre com o cuidado que se tem ao pegar uma flor, com medo de despetalá-la.
Sempre que ela estivesse dormindo eu estaria, acordado ao seu lado, zelando pelo seu sono e quando visse a menor ruga surgir em seu semblante, por causa de um sonho mau que ela estava tendo, eu beijaria o seu rosto e lhe diria com um sussurru bem suave: "Dorme em paz, criatura divina, que eu estou tomando conta de você e dos seus sonhos".
Só que eu estou longe dela e só o que me resta é com ela sonhar e pedir a Deus que a proteja, em minhas orações.