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Poesias-->PEDRAS, AREIA E TESTOSTERONA -- 17/03/2003 - 01:30 (PAULO FONTENELLE DE ARAUJO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

A cidade cresceu,

O prepúcio ainda é enorme.

Daqui enxergo a fimose do trânsito.



A cidade estirou-se,

músculo da perna.

e expôs suas marcas,

suor nas reentrâncias das pontes,

cheiro de ranço no fim da tarde.



A cidade alastrou-se,

câncer de próstata,

inacessível,

o exame nem soube que a uretra,

era um túnel metroviário.



Ah, outrora havia volumes e maciez de jardins,

rosas desabrochavam,

ruas estreitavam-se,

beijava as bocas de lobo, dos bêbados.

Um dia certa garça pousou no lodaçal

era a cidade que se masculinizava,

medrava,

tornara-se venta de homem.



A cidade espalhou-se,

(os machos são muito espaçosos)

carrega sua poluição de dia,

e ejacula enorme polução à noite,

fumaça solta através dos obeliscos.



A cidade não é mais uma cidade,

é tumulto, sítio urbano,

ajuntamento de pelos grosseiros, não obstante

viris,

encravados em um tórax municipal.



É difícil encontrar

no centro de São Paulo,

um muro com a gravura

de um coração de mãe flechado.



DO LIVRO: A CIDADE POSSÍVEL


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