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Poesias-->BIODEGRADÁVEL -- 20/03/2003 - 17:55 (ALEXANDRE FAGUNDES) |
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Estou precisando dizer umas coisas ácidas
Mas já disse tudo o que sei e sinto
Então, engulo a vontade de vomitar verdades
E mastigo a carne dura do silêncio
Temperada gentilmente pelo sal dos olhos
Mas não se importem comigo os pragmáticos
Isso não é uma carta suicida
É um lamento comum de poeta falido
Vão cuidar de suas contas correntes
Sou biodegradável, estejam certos disso
Estou precisando limpar umas gavetas
Rasgar papéis velhos e ir remoçando
Mas não tenho mais nada para rasgar
Rasgo, pois, os trapos de uma alma mofada
E fico menor (no sentido menor da palavra)
Mas não se abalem por isso os analistas
Este é o choro diário de um alienado inofensivo
Não vou despedaçar seus caros livros
Não pretendo queimar suas placas
Só desobedeço minhas próprias leis
Estou, enfim, querendo briga
Empurrão, desaforos e escoriações diversas
Mas minha covardia me arranca das arenas tantas
Fico sozinho com minha própria discórdia
Lambendo os tatames de uma raiva lacrada
Mas, por deus, me ignorem os pacifistas
Meus chinelos nunca mataram baratas
Minhas mãos são roxas só de tédio
Essa minha cara feia é de fome
Minhas ameaças estão num espelho
Estragar jardins, é o que desejo hoje
Sim, despetalar flores e misturar perfumes
Mas, vivo entre pedras e estátuas de concreto
Poluo, assim, somente meus olhos
Abalo o equilíbrio natural que nunca tive
Que os ecologistas, porém, não se espantem
Não tenho ânimo para serras e machados
Sou um ecossistema desnecessário
Quando tudo isso acabar, um detergente resolve
Por hora, não perturbem minha ignorância
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