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| Poesias-->ESCANCARADA -- 23/03/2003 - 18:38 (Morgana Meirelles) |
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ESCANCARADA
Sou uma fraude de mim mesma
Sou capaz de coisas que nem o diabo inventa
Sou uma versão colorida
Da minha alma moída,
Sou a minha própria alma gêmea,
Eu me basto, me gasto, me engasgo,
Trago a chave do meu clausto
Quando quero, sou insuportável
Viajo no meu tédio
E faço artes
Me invento toda a tarde
Cuidado rapaz, posso roubar a tua paz
Me enfeito toda para noite
De pulseiras, brincos e anéis,
Nessa hora sou um mel
Chego a ser agradável,
Meu corpo lindo e saudável
Exala Channel,
Aborrecida, esqueço a cortesia
Não suporto mais os heróis desta vida
Ninguém me atura
Sou chata, mimada,
Sou filha única
Da mesma túnica
Sou filha da rua
Sou dura
Mas quando chega a madrugada
Me escangalho, me escracho,
Desfaço os cachos, me ponho descalça
E danço minha própria valsa
Quem quiser conhecer a minha face
Sem qualquer disfarce
Chegue a essa hora, me dê um abraço,
Me ponha no colo, me sirva um conhaque
E serei tua até a aurora,
Só não me mande embora antes da hora
MORGANA
Rio de Janeiro, 29/01/03
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