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Poesias-->Vinho -- 26/03/2003 - 15:33 (gisele leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
aquela garrafa de vinho

está literalmente zombando de mim

ali sozinha em minha geladeira

me olhando desconfiada,

e nem me reconhecendo...

ah! outrros tempos ela já teria

vertido garaganta abaixo

vira enxaqueca, vômito

ou consciência líquida

com seu cheiro forte,

com sua cor forte,

que mancha tudo

até a alma

e traz escuridão as revelações mais

sóbrias

e as carências mais evidentes

a garrafa eu permitia isto,

zombetava literalmente

e insaciavelmente a rolha continua

torta a proteger o líquido,

a liturgia

do entorpecimento

mas chega umt tempo que tomamos porre

de lucidez, de sobriedade

de isenção, ter olhos

e enxergar os olhos que as vezes

se iludem com as aparências,

ou ausências confusas

das essências humanas

joguei fora.. pelo ralo da pia

joguei a reflexão fora com

sorriso impune

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