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Poesias-->QUATRO ESTAÇÕES -- 27/03/2003 - 00:42 (Elsio Hyppolito de Oliveira) |
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Já vai longe a primavera...! Os campos verdejantes
Onde a criança brincava. O céu azul. Inebriante...!
Flores brotando... Ramalhetes de sonho infantil...
A perfumar de alegria, a crença pueril.
Tempo de paz...Um lago calmo...Rara beleza...
Os frutos doces...Cantigas de roda... “As malvadezas...”.
O horizonte abrindo-se largo, sem fronteiras.
A mãe, zelosa, dando as broncas corriqueiras.
Os dias eram longos.As alegrias...Também...
O choro era breve... O riso ia mais além...
Tínhamos esperança e dos sonhos, a amplidão.
E tudo isso, cabia, na palma de nossa mão.
Já vai longe o verão...! Campos em chamas...
Onde o jovem se abrasa. Ígneo, o céu se inflama.
Paixões brotam em buquês. Os desejos juvenis
Perfumando o ar libidinoso...Arroubos...! Desvarios...!
Tempo do amor...! Um mar em fúria...! O templo da beleza...!
Corpos em êxtase...Canções promíscuas... “As safadezas...”.
O horizonte a esmo, largo...Sem fronteiras.
E a mesma mãe, ciosa, a nos falar “asneiras”.
Os dias eram intensos. Os prazeres...Também...
O pranto efêmero...Nosso gozo ia mais além...
Tínhamos vigor, a energia fluía de nossas mãos.
E toda essa força, cabia, em nosso coração.
Já vem chegando o outono...! Campos pelo vento, açoitados.
Onde o homem cisma. Gris, o céu parece desbotado.
Flores murchando...O medo se abrindo em buquês...
Um cheiro agridoce a nos encher de dúvidas e porquês...
O tempo é rápido...! Um mar que oscila na incerteza...!
O corpo se exaure na instável correnteza.
O horizonte vai se fechando. Ao longe...As fronteiras.
E a mãe, ausente...Suas palavras sábias...Verdadeiras...
Os dias passam céleres. As venturas...Também...
O choro prolonga-se...A dor vai mais além...
O vigor se esvai...Escorre pela nossa mão.
E toda essa angustia, cabe, em nosso coração.
O inverno se aproxima...! Campos de geada, cobertos.
Onde o velho decai. Cinéreo é o céu...O pôr-do-sol, deserto...
Folhas secas num ramalhete de flores estioladas.
Um cheiro acre a perfumar a alma cansada.
O tempo para...! Um pântano estagnado na imundície...!
Os frutos bichados...Nênias ao vento... “As caduquices...”.
O horizonte não mais se avista. Superamos todas as fronteiras.
A mãe saudosa...Chama...! É a viajem derradeira...
Os dias passam lentos. A agonia...Também...
O riso se estanca...O tédio vai mais além...
Os tempos idos trazem luz e trevas ao coração.
E tudo isso...Longe...Fora do alcance de nossa mão...
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