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Poesias-->SEIS POESIAS CONTRA A GUERRA DE DANIEL CRISTAL -- 31/03/2003 - 14:39 (Daniel Cristal) |
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GREVE DE SILÊNCIO
Abomino o massacre da Inocência
e enquanto durar, me silencio!
Destróem o que em nós é nossa essência
E nesta guerra, eu torno-me arredio...
Deito a Poesia fora! Que é inútil
Enaltecer o Amor e a Inocência!
O que importa é o cifrão e o que é fútil!
Não sabem que a Ética é uma Ciência!
Não poetiso mais, não! Porquê mentir?
Para quê cantar esp rança onde ela morre!
Os falcões aniquilam o elexir
Da existência, impedindo que ela jorre!
Não me chameis mais poeta da emoção
Envergonhado calo a frustração!
19.03.2003
http://armandofigueiredo.planetaclix.pt
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NO LIMIAR DE MARTE
Retenho as ideias eternas
O Amor redime e somos o espelho do mundo
Os deuses são altérnimos do enorme Deus
Chamam-lhe Alá ou ainda o antigo Zeus
A terra é a mãe da vida e o seu ventre fecundo...
Há ilusões efémeras
Que na eternidade produzem algum lastro
São miragens de oásis num vasto deserto
Onde os profetas captam o enigma encoberto
E com ele embandeiram desfraldando o mastro...
Não sigo nessa esfera,
Mas nesta que me leva ao lado do Oceano
Pisando devagar o rasto das gaivotas...
Não conto os passos lentos, não meço as cotas...
É vasto o horizonte e com ele me irmano.
Seu grito é de quem spera
Voar sempre em conjunto e na maior liberdade
Pelos confins do azul, pescando algum alimento
Que seja seu sustento num percurso lento
dum micropensamento que é a sua faculdade...
Na lentidão cresce a hera
Para que a vida cumpra o destino em beleza
Dos filhos que são pródigos no mar do amor.
O mundo é só dor pra quem não tem ardor
E não descobre em si a sua singeleza!
Não presta todo o efémero
Que da mortalha faz seu presbitério
E a vida também pode ser trajecto inútil!
O amor é o que nos une contra o que é fútil
E a guerra é o cenário deste cemitério!
A vileza está na guerra!
Não me ouve certamente o agiota impenitente!
Porém o mar ensina que a água também fura
A escarpa ou a pedra, qual seja a mais dura
E nela é feito o lar da gaivota paciente.
27.02.2003
©ArmandoFigueiredo
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TÃO POSSÍVEL!
Aqui existia uma casa
Sabias da sua existência?
Era aqui, mesmo aqui
A raiz da minha essência !
Era feita de argamassa, madeira
Vidro e tijoleira…
Era uma casa feita ninho
Durante anos arrumada
Com carinho.
Sabias que aqui existia uma casa?
Um bairro todo inteiro
E em cada ser vizinho
Havia um companheiro!
Com filhos com marido
(o meu amor está ferido! )
uma mesa uma cama um fogão
nem sequer era uma mansão…
Era uma casa arrumada acolhedora
reconfortada
com tudo o que era apetecível
e sensível
Era uma casa absoluta impoluta!
E que fizeste dessa casa, desse bairro
Do nosso amor,
Ó gente bruta
E insensível?!
Como podes desrespeitar
Indignar a existência?
Ah, pois, como sou ingénua e sensível
Julguei que a essência
era possível!
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VIVER NO INSENSÍVEL
Impossível que não se seja sensível
Impossível assistir ao desbaste
Impossível ser humano
Creio ainda que o possível será sensível
Que o verosímil será possível
Que o insensível seja inverosímil
Vejam que já não existe a minha casa
E escombram o meu bairro com gente!
Ameaçam e assassinam os nossos filhos
E o meu espanto não se vê e não se sente !
Não é possível
Viver no insensível !
E como temos de aguentar mais esta ?
Melhor seria ser bicho
Na floresta !
30 de Março de 2003
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TEMPOS DE GUERRA
Podes ganhar a guerra, poderosa Nação
Mas a paz com esta acção não ganharás!
No meio do rufar dos tambores
Há sons de insubmissão
Há um choro intermitente desperto
E haverá preces de amor
Desforçando o horror de quem amava.
Podes destruir cidades, vilas e aldeias
Descartar construções sólidas e pujantes
Derramar o mel de todas as colmeias.
Poderás causar pânico e morte
Falar do azar e desprezar
todas as teias da sorte.
Aniquilar a vida inocente...a mais carente.
Porém na Humanidade permanecerá
O gemido profundo das feridas abertas
O perigo iminente nas horas incertas.
E nunca terás ao teu lado
O mundo danificado pelas mentiras espertas!
Jamais saberás para onde vais!
Nunca... para todo o sempre...
E, pobre de nós, sofremos os danos colaterais!
Pobres das crianças
e de suas mães... e de seus pais!
E assim continuaremos na senda dos punhais
Até que se minem todas
as raízes da sordidez.
Até que a lucidez e a Ética Universal
permaneçam como guia e sejam
a nova fortaleza
Feita de pedra e cal... no novo dia!
Até que fiques humilde como os sábios...
Os sábios!
Os que só usam os lábios
Para pregar a harmonia!
14 de março de 03
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VADE RETRO, SATANA !
Bruxa sanguinária e exasperada
Dano-te do mais fundo da minha alma!
Escorres na terra fertilizada
O sangue do inocente benjamim!
Feitora és de degradantes ódios
Manipulas preconceitos fora de dia
E sob a tua ira o vulcão vomita pó
Desafinas da Terra a harmonia…
Olhos desorbitados crânios cravejados
rastejantes braços perdidos despedaçados
À procura da forma original
Convencendo que nunca houve Natal!
Dentro do templo o Homem de Nazaré contempla
A demoníaca entidade exasperada
Para sempre imperdoada
Pelas crianças expiadas na fome sem tempo
Eu te ensino ó mentalidade sacana:
Repete, homem, repete
- Vê lá se isto te abana! -
Vade retro, satana
Ó guerra que trazes opulência
Que tudo comes e consomes
E desfloras o Amor pela ciência,
Tira-me daqui, satana, vê se te somes!
Minha acompanhante putéfia pelos séculos do Amén
Peste que ninguém cura ou pôde jamais curar
Neste sub-reptício esforço que perdura
Aprende o que é Amor e o que é amar!
No meio desta podridão sacana
- Que de humana só tem a caprina lana (!) -
Eu te esconjuro do alto da cátedra que dana:
War, putain, prostitute, hure, putana
Vade retro, satana.
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