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Poesias-->Rosa Perua -- 02/04/2003 - 22:21 (Christina Cabral) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Rosa Perua



Seu nome? Rosa Perua

Rosa jogada na rua

Do escarninho e perdição.

Rosa abatida, esfolhada,

Pela demência marcada,

Sem pena, sem compaixão.



Seus tamancos arrastando.;

Pelas calçadas marcando

Seu triste cantarolar:

Rosa Perua! Perua!

E os moleques da rua

Repetem a caçoar!



Detrás de um muro surgindo,

Como de grades fugindo,

Pra liberdade alcançar,

Uma rosa aveludada,

Inda de orvalho molhada,

Espreita a louca a gingar.



Cheia de dó, de ternura

Pela pobre criatura,

A rosa flor esperou

E perto sentindo-lhe o passo,

Cai-lhe no magro regaço

E tremendo ali ficou.



A pobre Rosa, a humana,

Que com a flor se irmana

Em nome e nada alem,

Como em susto, como em ânsia,

Aspirando-lhe a fragrância,

A mirá-la se detèm.





Depois lesta, pressurosa,

Com trejeitos de dengosa,

Prende a rosa-flôr no peito

E imitando altivo andar

Das damas no caminhar,

Arma um riso satisfeito.



Há um contraste meigo e forte

Na ironia da sorte

Que tal cena patenteia:

Alegria tão singela

Com que a feia ostenta a bela

E a bela perfuma a feia.



Christina Cabral

E-mail- christinacabral1@hotmail.com

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