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Poesias-->TENHO SEDE -- 09/04/2003 - 09:34 (Christina Cabral) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Aos amigos, nas vésperas da Páscoa, ofereço, com muito carinho.



TENHO SEDE



Levava Jesus às costas a sua cruz,

ao morro da Caveira, que, em hebraico,

Gólgota se chama.;

o povo ali presente, Jerusalém inteira,

a crucificação reclama:

- Rei dos judeus, morte ao Nazareno!

À cruz com ele, hipócrita, blasfemo!

Entre os ladrões seja castigado!

Vil! Entre os vis seja pois crucificado!



O corpo sangrando, coração magoado,

olhar triste, cansado, Jesus orou

e contemplou a multidão, que o fitava embrutecida.

Havia nela tanto ódio – oh, terrível sentimento! –

que ao enfrentá-lo assim, por um momento,

Jesus estremeceu. Lançou seu pedido derradeiro:

- tenho sede...

Uma esponja de vinagre é-lhe oferecida,

comprimida em sua boca tão ferida.

fazendo-lhe sangrar o coração.



Hoje é ele adorado e mundialmente consagrado,

entre objetos de ouro e toalhas de cetim.

Seu divino corpo é exposto

- magro, seminu e já sem rosto –

dos ambientes palacianos aos bordéis:

“Olhem bem para isto,

aqui se cultua o Cristo, fieis!”

E esta fachada divina

- triste sorte, pobre sina... -

vai camuflando intenções.

São do Templo os vendilhões,

expulsos por Nosso Senhor,

que do Hades retornaram.

Sem pejo exibem o Cordeiro

mas são surdos aos Jeremias,

que bradam em agonias:

- “Nossa herança passou a forasteiros,

nossa água a temos bebido

a custo de muito dinheiro

e nossa lenha por preço temos comprado...”



E o Cristo, na cruz dependurado,

continua a clamar: - Tenho sede...

Sede de sentir amizade entre vós.;

sede de ser compreendido por vós.;

sede de igualdade, de humildade, de oração,

mas vinagre é-me sempre oferecido:

vinagre da vossa hipocrisia,

vinagre da vossa traição!

E o vinagre por mim ora bebido,

é-me agora oferecido,

não em esponja, mas em taça de cristal.

De cristal puro, sonante, precioso,

que de muito bolso humilde tem saído.

É cristal extorquido, arrancado,

do bolso de muito desgraçado

que, como eu, de muita sede tem sofrido.



Cristo, preso ainda ao madeiro,

testemunha o Céu ao mundo inteiro,

em voz baixa e sem paixão:

- Minha estrada feita sem aparatos,

é palmilhada nos pequenos atos,

na fraternidade se conduz.

Que não tenha sido em vão meu holocausto!

Vossos corações, livres do fausto,

serão meu tabernáculo de luz.;

pois em cada Jeremias está o Cristo

e a todos os humildes eu assisto,

sofrendo, como eles, a sua dor.



Nasci para o bem, para a justiça, para o amor,

tendo o meu caminho um único fim:

eu vim para trazer-vos harmonia!

eu vim para trazer-vos a alegria

de amar-vos uns aos outros, como a mim.

















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