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Poesias-->10. RIMAS DE SAFANÃO -- 14/04/2003 - 09:00 (wladimir olivier) |
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Jesus, à beira do mar,
É a figura exemplar
Do refletir transcendente,
Eis o exemplo que nos deu
O extraordinário judeu.
Quem como ele se sente?
O costume, no momento,
É livrar o pensamento:
Vai leve como uma pluma.
Sobre o mistério da vida,
A “sutileza” convida
A preocupação nenhuma.
Uma sombra, às vezes, passa:
Um golinho de cachaça
Põe as coisas no lugar.
O futebol na tevê,
A novela que se vê,
Nada disso há de falhar.
O livro da biblioteca
Cede lugar a boneca,
Ou a retrato de artista.
O som, a todo o volume,
Faz que a mente se acostume
A ouvir só quem insista.
E Jesus? Jesus está
Em imagem, pois não há
A lembrança do evangelho.
O pai-nosso sai de cor,
Que é, sim, o modo melhor
De levá-lo até bem velho.
Muitos vão à beira-mar,
Desejosos de folgar,
Às delícias sensuais.
Se estivesse ali Jesus,
Iam pedir-lhe mais luz,
Para aproveitarem mais.
Não é próprio desta gente
Vir execrar, descontente,
Em rimas de safanão.
É que mostrar o contraste
Pode ser até que arraste
Uns poucos que entender vão.
Senão, o pobre Jesus
Vai permanecer na cruz,
Até que se acabe o mundo,
Enquanto as almas, no etéreo,
Ficam sem saber que é sério
O refletir mais profundo.
Uma vozinha, no ouvido,
Diz-me não fazer sentido
A pregação do poeta:
Se Jesus sofreu horrores
E o povo não tem tremores,
O sofrer é sua meta.
Mas o bom é recordar,
E a poesia dá lugar
A que Jesus se apresente,
Um pouquinho em cada trova,
Que o bom ensino renova,
Ao menos p’ra nossa gente.
É aqui que o amor se faz
Presente, em verso de paz,
Renovação da esperança.
Ninguém cá é paladino,
Mas, em passos de menino,
Felicidade se alcança.
Junte-se a nós quem almeja
Ser um’alma benfazeja,
Em futuro alvinitente.
Ponha-se diante do mar,
Com Jesus a meditar:
Melhor a vida se sente.
Valoroso companheiro,
Jamais queira ser primeiro
Nos arremessos da glória.
Quem chegou devagarinho
Obteve só carinho,
Em verdadeira vitória.
Não queira erguer edifício
Com base no sacrifício.
É melhor ser mais modesto:
Uma casa pequenina,
Bom respeito à sã doutrina
E um ganha-pão bem honesto.
Às vezes, no futebol,
Em outras, na praia ao sol,
Até novela se entende,
Desde que se leve a sério
Que, depois do cemitério,
O bom estudo é que rende.
E o trabalho ao semelhante
Um bom lugar nos garante,
Se pautado em paz e amor.
Caso haja hipocrisia,
O gajo melhor faria
Ir ao mar pegar mais cor.
Eu não sei se o amigo acha
Que esta forma mais relaxa
Os conceitos de Kardec,
Mas, se ninguém quer nos ler,
Vamos cumprir o dever,
Antes que o oceano seque.
Será que pensou Jesus
Em acabar com a luz,
Por ver tanto desperdício?
Ou meditava somente:
— “Quando é que toda a gente
Vai abandonar tal vício?”
Por mim, continuo os versos,
Os quais não julgo perversos,
Pois me dão satisfação.
O tema é que é bem danado:
Não deve ter agradado
Quem busca mais emoção.
Se pregamos com paciência,
Para que haja indulgência
Para os crimes sem rancor,
Não vamos exagerar,
Proibindo que haja mar.
Haverá, mas com amor.
Jesus, à beira do mar,
Meditava, devagar,
Sobre os pobres pecadores.
Dar-lhes-ia a salvação,
E não apenas perdão:
Sabia a razão das dores.
Nós, neste posto amigo,
Não estamos ao abrigo
Dos infortúnios da vida,
Pois os fluidos de noss’alma
Nem sempre ficam em calma,
Quando a luz é reprimida.
É importante, para nós,
Fazer ouvir esta voz,
Mas não existem leitores.
Então, os versos confundem,
Mesmo quando muito abundem,
A nos causar as tais dores.
Fique o registro do fato,
Sem alarde ou espalhafato:
Desabafo de escritor,
“Intramuros” do desejo,
Pois outra coisa eu não vejo
Na esperteza de compor.
Enquanto escrevo estas linhas,
A brincar nas escolinhas,
As crianças muito aprendem:
Alegria permanente
É sentimento imanente
Dos que o bem mais compreendem.
— “Senhor, eu quero ir ao mar
Aprender a meditar
Sobre a vida e sobre a morte.
Na próxima encarnação,
Dá que eu seja muito são,
P’ra conduzir minha sorte!”
Serenamente, eu os deixo.
Deste instante não me queixo,
Vendo o trabalho que fiz.
Vou pedir ao bom Jesus
Que nos brinde com mais luz,
Para o mundo ser feliz!
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