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Poesias-->BELEZA INÚTIL -- 14/04/2003 - 19:32 (jose carlos lima) |
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Era da Estação da Luz que partia o trem
rumo a Oeste lá no interior
às oito e meia lá da Estação
íamos de férias
para a casa do meu avô
e todos os anos era igual
A viagem era longa e demorava
o dia inteiro
mas ao meio dia
lá em Araraquara o trem parava
engatava num tranco só a máquina
que puxaria o trem à força de óleo diesel
Era um cheiro forte eram dois três mais
cheiros se misturavam naquele sertão
Eram conversas fumaça cigarro de palha
era criança chorando velho escarrando
sanduiche mortadela coxinhas e guaraná bebido em copinhos de papel e canudinho listrado em branco vermelho e azul e uma garrafa âmbar
Talvez o cheiro do campo o cheiro do vento
o cheiro de tudo denunciasse uma lonjura
Talvez quando o trem chegasse ao nosso destino
o ônibus das cinco-e-meia-seis ainda não tivesse saído
Talvez o trem chegasse atrazado e não desse mais
Aquele ônibus aquelas pessoas aquelas conversas
as enxadas as foices os facões e o jeito de falar que evidenciava que estávamos no interior
Mas deu e chegámos todos bem
e as primas e o primo a esperar
e aquelas coisas lindas do interior
Depois fomos visitar uns tios que viviam num sítio e tinha rio e mato e bicho
Eu e meu pai naquele mato naqueles campos
e ele querendo mostrar como se fazia e bummmmm
Os pássaros voaram e revoaram nas palmeiras
O meu pai confirmava que era um pica-pau
E eu pequeno ali com aquela coisa linda nas mãos
toda colorida mas inútil
aprendi a duvidar.
zelim@beijos.wld
morna inútil |
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