Moldura Dourada
Como engolir este espasmo
Vomitar esta raiva
Escorrer esta mágoa
Disfarçar este asco
Esconder o sarcasmo
E abrir os braços
Ao pressentir teus passos
Que se aproximam no mesmo
Compasso
Escolada no teu teatro
Te ofereço meu regaço,
Depois do teu abraço
Inquieta, me viro de lado
Evito teu contato
Aguço o olfato e enojada,
Sinto o cheiro do teu
Desacato
Impregnar o quarto
Com a alma em pedaços
Tento manter a calma
Algemar a ira que me
Escurece a alma ferida
Mais uma vez vítima
Da tua insensata
Luxúria
No meu desatino
Dou os braços à fúria
Que me mostra o caminho da rua
Me visto com os restos da tua
Volúpia
E assim, descontrolada e louca
Resolvo ir à luta
Procuro as chaves da entrada e
Encontro tua risada,
Eternizada no porta-retrato
Que me paralisa o ato e
Me leva de volta ao passado
Me vejo naquele gramado,
Cercada do nada a não ser da
Tua presença,
Ainda imaculada, eternizada
Naquela moldura dourada
Encabulada, esqueço a vingança
Derrotada por esta lembrança
Que me adoça, me amansa
Me faz ser novamente,
Por instante,
Tua única e adorada amante
MORGANA
Rio de Janeiro, 20/04/03
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