Quando você me quiser sentir, não precisa atinar da boca palavras...
Basta que de seus olhos perceba o brado sedutor rogando-me a vontade de enlouquecer, basta que seu beijo cálido pouse-me os lábios, desrice pelo pescoço e de meu arfar respire um pouco. Certamente profanarei a sua timidez, alforria-lhe-ei o pudor, quão de seus seios outeiros, mulatos descobertos, ao mundo inteiro vierem excitados. Ai, dando-me conta beber-lhes-ei a tal liberdade para bem viver a insanidade.
No álgido dessa noite, por entre as folhas molhadas da sangria da chuva no fim da tarde, nossas roupas estarão vazias. Iniciada a nudez, dará vida às sendas da nossa verdade. A nos fazer descer pelo álveo negro da estrada, qual na terra úmida calada, já em puros animais, gemeremos em par, a mesma dor do prazer. Responsabilizando-nos
pela luz do amor , que em nossos olhos vicejará.
Ao aljôfar a face do cansaço, nossos movimentos, cúmplices do momento, nos guardarão até que as nossas forças voltem, pra recomeçar em nova vida.
Tanto mais que amantes pensaremos. Seremos homem e mulher a desvendar os mistérios do dia na noite, dos sussuros, das tristezas e alegrias da alma, num calor bem familiar. Pois nossa obra... Nossos filhos, expressando ao mundo todo o sentimento que vivemos.