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| Poesias-->O Silêncio -- 27/04/2003 - 03:20 (Falange) |
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...e eu observando
você morrer
um dia um pouco
outro dia mais um pouco
às vezes é tão brutal
e urgente
mas outras parece algo
lento e tranquilo
não tão desesperador
como posso saber?
apenas lhe observo
em silêncio
o silêncio que está em nós
mesmo quando falamos
o meu pra te entender
o teu eu não sei
talvez para contemplar
a morte
também me sinto pequena
diante de sua grandeza
por isso olho pra você
vendo-o morrer
em silêncio
às vezes conversamos
eu falo e falo
tagarelando sem parar
tantas abobrinhas
só para permanecer
mais tempo ao seu lado
porque em todas as vezes
que não tivemos mais nada
a dizer nos despedimos
como se o silêncio causasse
medo ou constrangimento
contudo o silêncio interior
transcende as palavras
passa por cima delas
é muito maior que
o silêncio verbal
e o que mais posso
dizer agora?
nem sei... nada vem
em minha cabeça
tenho sempre de ficar
inventando assunto
pra não deixar
o papo morrer
puxo um assunto e outro
e você não desenvolve
nenhum
nada vai adiante
então que morram
que morram nossos papos
entra o seu silêncio agora
não o interior
(este não lhe deixa)
seu silêncio me diz muito
mas eu não o suporto
ele encurta os nossos
momentos
não em si mesmo
mas em nós
que ficamos constrangidos
com ele
e eu não sei qual é maior
o silêncio da tua alma
ou o silêncio da tua boca
talvez na morte resida
a sua real existência
e não é o seu corpo
que está morrendo
é a sua mente
e eu apenas observando
me sinto impotente
diante de sua agonia
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