Mas as lendas vivas nunca passarão por esquecidas.
Ah! Quando ao ocidente dessa rua do fio recosto a cabeça...
Lá estão elas... Obreiras,ordeiras,senhoras honradas, sofridas, com suas virtudes empíricas, com suas desigualdades de vidas martíricas, mas que apesar dos pesares, serão sempre mães.
Mães a proteger, a cuidar e a ensinar as suas crias, mães guerreiras a defender, a erguer e a zelar por suas casas.
Cada qual em suas Marias, cada qual, ainda que não de nome, em suas aflições, em seu dia-a-dia.
Quando não estão lavando, sob o sol ardoroso. Preocupadas estão com o seu...João teimoso.
E sem essas Marias o mundo é mudo, não tem graça.
Os filhos não conhecem a poesia e as filhas não trarão em nenhum segundo a luz do futuro...Perdão a essa escuridão do mundo.
São essas Marias,anônimas talvez. O importante,que mesmo com as mãos calejadas, com a fome e a miséria assolando ao lado, mesmo com a face ceifada pelo tempo e as forças, vez por outra atrofiadas pelo cansaço do corpo sabem muito bem acolher-nos em seu colo, sabem muito bem aliviar as feridas, sabem ajustar as mãos na medida...Quer seja pra carinhar, pra dividir as lágrimas amargas no peito ou pra velar-nos a todo instante, quando a moléstia urbana nos nos abate pela corvadia.
Há! Marias... Esse teu coração,por tantas vezes, emissário da dor e da paixão!... Transforma todos os disatinos em paz e união.
Quem diria?!...Marias! Se pudesses voltar ao passado, com certeza essa missão continuarias.Pois que a essência da divindade, dessas mulheres sempre será una.Amam mais que são amadas, se encerram em alegrias.
Eis que até a morte curva-se em teu seio, pra ouvir desse imenso amor eterno, o sussuro singelo da saudade, a inspirar a flor na perfeição do acorde da alma nua, quando a aurora tece em cada manhã o recomeço da vida para um novo dia.
Marias!Mães!Filhas!...Como diria o criador?!...
Eu, filho, tento compreender a tua grandiosidade,procurando nos traços que em mim, vivem de ti. No entanto, não consigo nem exaltar, essa tua simplicidade.Por isso, prosto-me e diante do pai e de vós agradeço, pela razão do amor, que empenhastes nessa vida de passagem.