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Poesias-->FIM DE FESTA -- 09/05/2003 - 17:59 (José Reynaldo Galasso) |
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FIM DE FESTA
Copos vazios tombados sobre toalhas brancas
coradas pelo vinho tinto.
Guardanapos de papel usados e amassados.
Garfos tentando espetar o céu.
Facas com lâminas perigosas e inertes.
Pratos com restos de comida que não alimentou.
Bolsa e xale esquecidos no espaldar da cadeira.
Últimos sons de solas brigando com o assoalho.
A porta se fecha atrás da vida em turbilhão.
Silêncio.
A luz amarela das lâmpadas tudo domina.
Uma brisa fria bole com a cortina fina da janela.
Lá fora o céu escancara sua bocarra negra sobre a terra.
Algumas estrelas resistentes brilham.
Ouve-se ainda o eco das risadas e das vozes dos amigos
refletido pelas paredes e tampos das mesas.
O trabalho que ainda lhe resta causa cansaço.
Um dia todo de preparação e a madrugada vai a meio...
Tudo correu bem e isso o satisfaz.
Liga o som com a esperança de que a música o anime.
Realmente ela lhe dá novo ânimo.
Por ser prático e meticuloso,
rapidamente as coisas tomam seus lugares próprios
dando uma sensação de ordem e limpeza.
Senta-se para tomar o último cálice de vinho.
O disco chega ao fim.
O cansaço vence.
A calma impera dentro e fora do apartamento.
Só uma tristeza doída insiste em tirar o sumo do coração:
A ausência dela.
Terminados a música e o vinho, apaga as luzes e se recolhe.
Naquele momento, em algum lugar distante,
Dentro da noite e do mundo,
Sua amada dorme.
BSB14042003
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