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Poesias-->MEU POEMA, MEU PAÍS -- 15/09/2000 - 02:45 (Rosângela Soares de Sousa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MEU POEMA, MEU PAÍS



Meu poema é como outro qualquer:

cheio de versos que o afogam.

Meio poema mostra quem ele é,

sua vida segue sem direção.

Meu poema não tem fanfarras,

nem valsas, nem sambas, nem sonhos.

Meu poema é para ser jogado fora

na primeira esquina de Itaquá.

Meu poema é vazio.

Meu poema fala de amor,

fala de ódio,

fala de dor.

Meu poema condena pessoas inocentes,

massacra a política e ama os loucos.

Sim, os loucos, pois eles não têm razões

para que o mundo mereça sua lucidez.

Meu poema esconde abortos ilegais,

gente faminta,

promessas de políticos corruptos,

traficantes...

Meu poema tem um segredo com a vida

mas não pode revelar para o mundo.

É quando ele se agarra no balcão da ansiedade

e se droga de erros,

deixando gente passando fome,

aborta sonhos,

se veste de político e se torna corrupto.

Meu poema não tem sentido.

Não merece ser lido ou ouvido.

Tonto, meu poema se enfraquece.

Bêbado, cai na sarjeta.

E pedi socorro aos idiotas que levam a vida

dentro de um mundo marginal.

Mas ninguém o estende a mão

apenas aquele Deus Negro que todas as noites

Vem te falar em fé.

Meu poema vive só numa casa deserta e mal assombrada,

mora com os banqueiros,

mata os índios,

toma café com o medo,

almoça com o diabo,

toma banho com a sociedade machista,

janta a própria Amazônia

e dorme abraçado ao suicídio.

Meu poema é um Brasil secreto

como aquele trombadinha

que rouba comida para se alimentar

e cheira cola para fugir da realidade.

Meu poema, às vezes, quando alegre,

canta o refrão da música da Legião Urbana,

e quando triste,

coloca uma corda invisível no pescoço da população

e esquece que a injustiça não devia fazer parte do seu vocabulário.

Meu poema se joga no Rio Tietê

quando percebe que não vale mais nada.

Meu poema é sua refeição indigna

que desce com dificuldades pelos eu estômago

e faz uma fácil digestão sem sobremesa.

Meu poema é esse país medíocre.
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