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Poesias-->O Velho -- 09/06/2003 - 14:30 (Marcos Allan Ferreira Gonçalves) |
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Um velho, tal qual um bicho...
Sua face sisuda,
Marca dos anos passados...
Ao chão sentado... cansado!...
Movimentos sóbrios, porém, penosos...
Entre mãos amassa o pão,
Ataca a fome...
Se tens um lar?... não sei.
Não me atrevo a tanto.
Olhos no céu... céu em teus olhos!...
Pequeninos diamantes.
Alí está o velho, para a vida... não por toda vida.
Se és tão velho?... não perguntei...
Marginalizado por migalhas,
Um velho, surrado... maltratado!...
Entre tantos descuidados,
Ali!... meu velho personificado.
Na rua onde moro,
Muitos são os que passam... é a massa!...
Mas o velho não... vive na raça!...
Desguarnecido e desprovido,
O velho... a fome... a desgraça!...
Acabrunhado, desanimado...
O que viste e não nos conta?...
Curioso eu, mas não aguçado...
Ali continua, o velho sentado.
Como quem abraça a morte,
Abraça os sonhos perdidos do passado.
O velho... as horas... a traça!...
Quanta angustia presa no peito... imagino!...
Ainda aperta o pão,
Quase um menino!...
Dei-lhe o nome de João em meus pensamentos,
Se realmente pensei.
Vi-lhe sedento e inquieto,
Mas apenas, e tão só, observei...
Bicho sou eu... por fim, raciocinei...
Em meu vacilar,
Foi-se o velho e não mais o ví.
Se ainda aperta o pão não sei...
E por certo nunca saberei.
Talvez ao céu subistes!...
É tudo que consigo atinar.
Meu Deus!...
Guarda o velho que estava alí,
É tudo que posso por ele rogar. |
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