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Poesias-->Vaidades -- 17/09/2000 - 16:02 (Jose Dias Egipto) |
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Hoje apetece-me escrever
um poema difícil...
Daqueles estanques para o vulgo,
selado pelos mais altos dignitários
das sociedades da inteligência pátria
cheio de interesse julgo,
e de deferências para os críticos
ditos da arte de escrever...
Um poema desses, estás a ver ?...
Bom, primeiro faço o molde:
falo das esquinas húmidas da água,
dos porões assépticos da mente,
dos oblíquos crepúsculos das rosas...
E uso palavras sombrias e confusas,
bicudas, bafientas, de cor parda,
sempre à medida, uma de cada,
metáforas compridas
que não dizem nada...
Feito o molde,
mantenho o jogo ambíguo das palavras,
num tiroteio sem arma e sem coldre
( coboiadas para adultos com reservas )
de rajada, sem métrica e sem rima
pois alvo não tenho
e esconde sempre a face
quem os assina...
Depois, na linha de montagem,
faço-os ao metro
ou à grosa,
ganho prémios e louvores,
viro-os do avesso
estico-lhes as pontas e os intentos
e vendo-os como prosa, aos doutores,
nas lojas dos trezentos...
E não há ninguém
que comigo se meta,
pois atingi a maioridade
na escrita
e hão-de dizer sempre
aos quatro ventos
que sou difícil de entender
mas sou um grande poeta !...
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