Pedir entradas a tarde, e aqueles pássaros meninos rumavam para o palanque da casa no ocidente. Como se ali fosse a árvore da paz.
E todos assentados,
E todos contando os seus casos...
Rabiscavam uma certa alegria naquela realidade miserável.
De repente, olhando o céu, aquele céu azul escuro, assoletrado de estrelas, saiam de seus muros e mergulhavam num infinito mar de silêncio.
Por segundos se esqueciam no tempo a fantasiar, a fantasiar.
Na verdade, apesar de tantas peraltices no dia-a-dia, de tantas asneiras que emergiam daquelas bocas, apesar dos pesares, não havia maldade lá.
Eram meninos a sonhar,
Eram meninos, meninos na flor da idade.
Bastava à noite chegar,
Bastava as vozes se assemelhar e os olhos se harmonizar, que lá estavam eles, no outro dia a reverenciar a amizade, a rir da irresponsabilidade e a temer a estrada que os levaria dali no futuro próximo a revoada da aurora.
Bastava à noite sair e as estrelas ao surgirem eram identificadas.
Bastava à noite sair... E aqueles meninos se reservavam à obra da vida.
Hoje não temos mais a casa, o palanque e os pássaros, pois os pássaros já bateram em revoada nesta vida ou na outra caminhada.
Basta à noite sair...Pra quem ainda lembra remontar saudade.