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Poesias-->Cidade da Amizade -- 26/09/2000 - 23:03 (Luciano Fonsêca) |
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CIDADE DA AMIZADE
No Vietnã : "Cidade da Amizade".
Esse nome sugere um belo lugar.
- Será orgulho da modernidade,
de grande progresso,belezas sem par ?
A realidade, é bem diferente.
Confinado em pagodes.; pavilhões,
Estão crianças e adultos,doentes,
Marcados por genéticas mutações.
Tolos, horendos, por muitos defeitos,
Imóveis.Alguns só conseguem sorrir.
Na espera da morte, presos aos leitos,
Não vêem a vida, nem sonham o porvir.
Jovens sem braços, pescoços pendidos,
Morrendo de câncer, desfigurados,
Em banho de sol, olhares perdidos :
Eis o retrato cruel dos mutilados.
No hospital Tu Du, vidros selados,
Mostram gritante monstruosidade :
Mais de duzentos fetos malformados.
Bárbaro crime contra a humanidade !
Pequenos corpos,horríveis,disformes.
Duas cabeças num tronco : É medonho !
Numa,lágrima nos olhos enormes,
A outra beija esse rosto tristonho.
Na antiga Saigon, em enfermarias,
Acham-se os horrores da chacina.
Trapos humanos, em cruenta agonia,
Vítimas ingênuas da dioxina.
- Como ? Por que esse crime aconteceu ?
Esse clamor retumba pela Terra.
- Foi ordem do Almirante Eluro Russel,
Usar agente laranja na guerra.
A menina Lan, quer pegar no colchão.
Suas mãos são tortas, pena atrofiada.
Bate nas grades da cama, em convulsão.
Não grita. É muda, é surda. É nada !
Na batalha de Bien-Hoa, caía,
Uma substância ácida, picante.
- Para desfolhar árvores, seria ?
- Não. Dioxina é morte sufocante.
Ignóbil tortura, destruindo pulmões.
Soldados desmaiavam, asfixiados.
A morte afetaria outras gerações,
Levada pelos genes alterados.
Militar, quase cego,no pós guerra,
Vê filhos e netos com deformações.
- Um dia esse triste drama se encerra,
Deixando de golpear os corações !
Para com o Almirante Eluro Russel,
O destino mostrou-se imperioso :
O seu lindo neto, aleijado nasceu,
Seu filho, jovem, morreu canceroso.
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