Desapego ao meu apego
na fútil esperança de deitar-me,
dormir sem nada me atrapalhar o sono
e depois acordar como se tudo fosse passado
na ilusão de livrar-me desse jôio
que impreguina minh alma de desassussego
e antes mesmo da colheita do trigo
essa erva se instaura, sem estar pronta a alma
destruindo a passagem do crescimento
que se dá muito lento, por conta do peso
Tento arrancar, mato a mato, erva a erva
pela raiz, tão somente para que não volte mais
e me esqueça, me deixe em paz
para que eu floresça como o trigo
que precisa de luz e abrigo
para florar novo alimento
e sair do esquecimento do capim
para, enfim, crescer e aparecer.
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