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Poesias-->A Cidade Vista do Alto -- 05/09/2003 - 14:42 (Roberto Ponciano Gomes de Souza Júnior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Cidade Vista do Alto





Do alto do Morro do Alemão vêem-se as luzes

Do aeroporto Internacional do Galeão.

O sonho do pobre parte com os aviões,

Por terras diferentes,

Onde a alegria não seja efêmera



E o sacrifício a regra.

A pedra nua, escavada, desmatada.

Pedra perfurada, sangrada.

A casa que se erige altiva,

Por cima do mundo.

Pedra conspurcada.

Fezes que escorrem

Pela cara da pedra,

Morro abaixo.

O cheiro que sobe,

Inunda a narina,

Fere a dignidade.

O trabalho,

Na segunda,

No asfalto,

Na mansão,

No restaurante,

Desinfetante,

Banheiro limpo,

Esforço do pobre.

Ar condicionado,

Relógio de ponto,

Seis horas,

Pernas cansadas,

Com varizes,

Voltam a realidade de cubículos

Sem espaço para o sol ou para a lua.



A violenta insatisfação

De ser sempre o Lázaro

Da parábola de Cristo.

Comendo as sobras à beira da mesa

De plantar o pão

E nunca ser recompensado.



Quando o morro desce para o asfalto

É vigiado na porta das lojas,

É barrado nas portas de luxo,

É esquecido nas filas dos hospitais,

Só encontra abertas as portas da igreja e da Delegacia.



A miséria precipita-se sobre a cidade

Como uma obra de arte apocalíptica.

Rocinha servindo São Conrado,

Tabajaras vigiando Copacabana.





Exército de flanelinhas,

Matilhas de menores,

Sorriso entre debochado e cínico,

Transfigurado pela cola de sapateiro

Pequenos Cristos em eterna comiseração



O olhar infantil, em ânsia infinda,

Se pergunta:

Por que deve um menino

Viver pior que um cão,

De esmolas, no roubo, na prostituição?



Nas lojas de artigos importados

Deseja o menino -

Ver um aquecedor elétrico de corações,

Um abridor de olhos para o mundo.

E possamos então ver que não é poética

É desumana a pobreza!

Um homem com fome,

Trôpego de cachaça no caminho,

Ou uma criança disputar com os ratos

Os restos do restaurante de luxo.

Retratos da miséria material do povo

E da miséria espiritual dos garantidos do sistema.



Quem consegue ver,

Indiferente,

A fome na face do semelhante,

Não merece ser chamado de homem.
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