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| Poesias-->sonhos de menina -- 07/09/2003 - 19:10 (maria da graça ferraz) |
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Sonhos de menina
gracias a la vida
(mdagraça ferraz)
Quando eu era pequena,
à minha mãe, serena, eu dizia:
" Vou ser poeta"
Ela, assustada, respondia:
" Vais morrer de fome"
Convicta, eu retrucava:
" Mas de uma fome azul"
Ela, então, erguia o cenho,
surpreendida com minha ousadia
Eu explicava. Eu insistia.
" É sim. De uma fome azul,
cheirando rosa, redondinha"
Ela balançava a cabeça.
Nada mais dizia. Sorria apenas
da valentia de sua pequena
Permanecia no meu canto,
cismava, teimava, pensando
no que seria esta fome azul
que eu acabara inventando
Havia, em mim, algo que eu desconhecia
Algo mais forte que me seria
Ah, um dia, isto me seria!
Afirmo o dito da menina : poesia
E ambas viveríamos
abraçadas, azuladas,
esfomeadas, roendo uma à outra,
e nem a morte nos separaria
Afinal, como a morte saberia
o que era real e o que era fantasia.;
onde terminava eu
e começava as artes da poesia
E o que seria a tal causa mortis
"fome azul" - isto existiria ?
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