Com pão e café na tarde, pra esperar a chuva que vem...
Em Belém regar as mangueiras e a criançada.
Ah! Esse cheiro no ar...
Terra de mangue, capim com terra...
Nessa chuva que vem....em Belém.
Em Belém ouvir das palmeiras, a beira do rio Guajará, o sabiá do mato embalar as vogas, às vezes amargas, às vezes sofridas, contra o pescador em sua jornada, contra a escadinha, contra as janelas do ver -o- peso, contra as palafitas da vila da Barca, contra a poluição do rio, da ponte do galo ou da morte do igarapé das armas.
Ah! Esse cheiro no ar...
Maniçoba, vatapá, pato no tucupi, com aquela correria do dia, de Belém de outubro, de Belém dos líros, da romaria, do círio de Belém de outrora... de Belém do Pará.
Ah! Esse cheiro...
Parece-me paticholim da banca da dona Flora, Mas é o cheiro das tantas Marias, das tantas índias, negras, brancas, caboclas e senhoras.
Ah! Esse cheiro...
Parece-me da noite, cuja mãe das matas, lua de todos os cabanos, dá luz aos leitos, aos séqüitos da paz, num silêncio das horas. Em plena sinfonia dos lagos, em pleno brio da madrugada, em pleno colo dessa saudade, que me invade o sangue Marajoara.