LEGENDAS |
(
* )-
Texto com Registro de Direito Autoral ) |
(
! )-
Texto com Comentários |
| |
|
Poesias-->boca a boca -- 21/09/2003 - 18:06 (maria da graça ferraz) |
|
|
| |
Boca a boca
mdagraça ferraz
Eu era tão menina
Nada sabia da vida
quanto mais da morte?
Estudante de medicina
cheia de idealismo:
" Vou salvar o mundo"
E eu acreditava mesmo nisto
Ó tola pura menina...
Mas
no corredor escuro
de um pronto-socorro
a mulher que nunca vira
na minha vida-
suja, rôta, abandonada-
estava em parada cardíaca
O médico chefe ordenou
" Ei , você aí, menina, respira!
Vamos, rápido,respira
boca a boca"
E sem mais nada esperar
eu me debrucei sobre ela
Lábios frios de cera
hálito fraco, de amêndoas,
eu respirava dentro dela
Mas
ela se foi
Em meus braços, ela se foi
Precisei beijar a morte
para saber o que era a vida
Abri com a boca uma janela
e esta morte permaneceu comigo
como uma fantasma
como um raio de luar
Pálido. Suave.
Desde este dia,
caminho sobre ondas,
como uma música
que enfraquece e tomba
Desde então, rir para mim
sempre foi um tipo de erro
Eu sabia
que sofrera o batismo
algum tipo de iniciação
Conhecia um cheiro maior que a vida.;
maior que eu mesma
Eu possuía
o segredo da dor da pedra verde
quando se quebrou em duas partes:
espírito e carne
|
|