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Poesias-->DESEJO FATAL -- 16/01/2000 - 08:51 (AGUIA REAL) |
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DESEJO FATAL
MEU CORPO É UM VIVEIRO
TRANSPARENTE
DE CRISTAL
E NELE MORAM ÁGUIAS
AS AVES QUE ME GUIAM
NA DIREÇÃO DA LUA
OU DO ABISMO
COMO QUEIRAM
COM ÁGUIAS POR DENTRO
EU SOU O ESPAÇO
PENHASCOS
O CÉU ABERTO
ASAS PODEROSAS
VOAM EM MIM
E FICAM PLANANDO
EM CÍRCULOS
NO AR AZUL DO MEU PULMÃO
RISCANDO O VENTO
MERGULHAM
E PASSAM SUAVEMENTE
PERTO DO CORAÇÃO
SE TE VEJO E NÃO ME VÊS
AS GARRAS TOCAM DE RASPÃO
OU ATRAVESSAM COMO UM “MIRAGE”
MINHA COLUNA VERTEBRAL
NERVOSAMENTE
QUANDO PROCURO POR MUITOS DIAS
E NÃO TE ENCONTRO
COMEÇO A OUVIR NO MEIO DA NOITE
SEUS GRITOS, CORTANTES
E VEJO MONTANHAS, NUVENS
ANDORINHAS E O MAR DISTANTE
A COR DA ÁGUA ME ACALMA
E FICO QUIETO
EM MINHA ALMA DE RAPINA
PROCURANDO A TUA VISÃO
COM MINHA PERCEPÇÃO AQUILINA
ENXERGO AO LONGE
UM ANIMAL BRILHANTE
UMA LEBRE DE LUZ
O PENSAMENTO PULSANTE
SEGUNDO A SEGUNDO
ESPERANDO O ATAQUE FINAL
O BICO AFIADO
OLHAR PENETRANTE
VELOCIDADE, FORÇA
VÔO RÁPIDO
VERTIGEM
COM A PRESA EM SUAS MÃOS
ELA VOA E VOLTA
PARA O NINHO
QUE ESTÁ LOCALIZADO
EM MINHA CAIXA CRANIANA
CAVIDADE DO OLHO DIREITO
NA MENINA DOS OLHOS
EXATAMENTE
PARA OS FILHOS
QUE COMEM OS FOTONS
E REINVENTAM A TUA IMAGEM
CARINHOSAMENTE
E MINHA VIDA É ASSIM
DE TANTO AMAR
AMO VOAR
QUANDO ESTOU EM LUGARES PÚBLICOS
MULTIDÕES, MILHARES DE RUIDOS
ANDO DEVAGAR, FORA DO RÍTMO
PORQUE ELAS VOAM EM MIM
SILENCIOSAMENTE
ÀS VEZES CANSADO
SENTO DEBAIXO DAS ÁRVORES
APAGO O MUNDO
E ELAS VOAM
E CONTAM HISTÓRIAS
DE DESFILADEIROS
LENTAMENTE
E FAZEM EVOLUÇÕES PERFEITAS
NO MEU CORPO CELESTE
E PERCORREM RELUZENTES
O MEU SER UNIVERSAL
DESEJO ETERNO
ÍCARO
Fred Brasiliense
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