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Poesias-->4. À BUSCA DE REDENÇÃO -- 01/11/2003 - 08:13 (wladimir olivier) |
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Neste início de trabalho,
Eu desejo confirmar
Que entrarei por um atalho,
Em minh’arte de rimar.
“A sofrer, sozinho, à noite,
Mais rancor encontro eu lá:
Ouço o estalar dum açoite,
Que nunca ouvi eu por cá(1),
E gritos de desespero
A demonstrar que meu norte,
Logo após a minha morte,
Não serenou o entrevero.”
Precisei peregrinar
Nesses tristes pesadelos,
Esquecendo o verbo amar,
Por não poder mais contê-los,
Porquanto eu era o primeiro,
Estando sempre presente,
Sem estar muito contente
Com meu carma de mineiro.
Sofri rudes desatinos,
Lembrei-me dos tempos idos:
Brincava junto aos meninos,
Com gestos mui atrevidos,
E já não era inocente,
Pois, de tudo o que eu fazia,
Dava sempre primazia
Ao gozo mais indecente.
Se trago agora à lembrança
Estes fatos tão perversos,
É p’ra deixar a esperança
Registrada nestes versos,
A todos os meus leitores,
Pois nem tudo está perdido,
Embora, não resolvido,
Tenha ficado co’as dores.
Lamento o arrependimento
Que se fez insuportável,
Mas se não fosse o tormento
Da cura pouco provável
Das dores que suportei,
Não estaria eu agora
Querendo acalmar quem chora
Por esse exemplo que dei.
Sofrimento e mau destino
São fatos que juntos andam.;
Diante do desatino,
São os pesares que mandam,
Se uma infeliz entidade
Tiver deixado bem claro
Que um amor é muito raro,
Perante a sua maldade.
Agora tenho somente
Que bendizer a virtude
Deste leal escrevente,
A quem pedi que me ajude,
Pois de mim se apiedou,
P’ra me deixar confessar
Que tenho de conjugar
O verbo “amar” com “quem sou”.
Mas estou feliz da vida,
Neste momento de amor
Em que recebo guarida,
Em todo o seu resplendor,
Deste grupo socorrista,
Que me tem muito respeito,
Embora traga no peito
Um coração de arrivista.
Sinto, contudo, o desprezo
Que me brota da consciência,
Pois ainda tenho o vezo,
Sem ter nenhuma paciência,
De me dar forte tormento,
Tendo na mente o que fiz,
Como ainda quem não quis
Livrar-se do sofrimento.
Mas vejo a hora chegada
De me esquecer destas dores,
Ainda que seja um nada,
Ou quase nada de amores
Que me venham socorrer,
Mantendo meu coração
Com suave pulsação,
Na sensação de viver.
Não vá me deixar na mão
Na hora da despedida.;
Vou fazer uma oração,
P’ra deixar agradecida,
Com muito forte emoção,
A poesia a que dei vida,
Transpondo a espessa muralha
Das névoas desta mortalha.
A Jesus vou, finalmente,
Renovar o meu pedido
De resguardo desta gente,
Que este pão tem repartido,
P’ra me sentir com valor
E me dar felicidade,
Eliminando a maldade,
Em puras ondas de amor.
(1) Trilha o Espírito a senda aberta por Gonçalves Dias, em sua “Canção do exílio”:
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá[...]
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá[...]
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